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 #1Sáb 31 Ago - 21:20

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ESPECIAL: "Animes a entrar na cultura dominante?!" – uma reflexão Empty ESPECIAL: "Animes a entrar na cultura dominante?!" – uma reflexão


gigguk é um jovem do Reino Unido que possui um canal no YouTube intitulado The Anime Zone, no qual é conhecido pelas suas críticas e paródias a animes. Estas podem ser caracterizadas pelo seu ritmo desenfreado e teor humorístico, não deixando de tocar em todos os aspetos relevantes ao assunto a ser exposto e não descurando a importância de transmitir sempre os dois lados da moeda e de fazer o espectador refletir por ele próprio e contribuir com a sua opinião. No seu vídeo mais recente, gigguk faz uma reflexão sobre a possibilidade de os animes entrarem na cultura dominante no Ocidente. Mesmo que estejam ainda um pouco longe, os fãs atuais ficariam satisfeitos caso, um dia, tal acontecesse? O vídeo expõe os argumentos ao pormenor:




Contudo, a redação da CrunchyNotícias obteve permissão para traduzir o seu conteúdo para português, de modo a que todos possam intervir na discussão! O texto seguinte é da autoria de gigguk, excetuando única e exclusivamente a tradução (da conta do autor deste artigo):

"Se te consideras um fã de anime (ou mesmo que não), decerto terás o conhecimento de que os animes em si são um passatempo muito obscuro e que estes constituem um pequeno nicho — especialmente se viveres no Ocidente. Como um fã ávido de animes desde já há muito tempo, nem sempre fui muito aberto em relação à minha paixão por eles. Em certa medida, nem sequer atualmente sou. Não porque me sinta envergonhado por gostar de animes, mas sim porque, tanto quanto me parece, não existem muitas pessoas na minha vida que veem, de verdade, muito interesse neles, nem sequer no mundo inteiro. Para colocar as coisas em perspetiva: segundo o Google Trends, algo como Attack on Titan, que foi capaz de abalar o mundo dos animes como um furacão, está apenas a conquistar o mesmo interesse que One Piece já provocara este tempo todo, e esta é apenas uma pequena fração do que uma série extremamente popular, tal como The Walking Dead, é capaz de obter enquanto é transmitida. Embora muitas pessoas conheçam o mundo dos animes, aqueles que se entregam verdadeiramente a ele são escassos e distantes. Porém, como alguém que tenta promovê-lo e dá-lo a conhecer ao maior número de pessoas possível, regresso sempre à mesma questão: a animação, como meio, tem alguma probabilidade de um dia entrar na cultura dominante aqui no Ocidente? A verdade é que sim e não. Esta é uma questão extremamente simples, mas cuja resposta não se demonstra tão simples como muitos poderão inicialmente assumir. Para lhe responder, seria obrigado a trazer diversos elementos das minhas críticas anteriores, mas comecemos por nos focar no maior entrave que a animação alguma vez enfrentará ao seu reconhecimento por parte da população em massa: ela simplesmente não constitui um meio amplamente aceite para se contar uma história adulta. Porque é que isso interessaria? Bom, vejamos assim: Se observarmos as séries americanas mais populares e mais bem acolhidas pelos críticos, chegamos à conclusão de que praticamente todas elas estão vocacionadas para um público adulto. Os Breaking Bads, os The Walking Deads, os Game of Thrones, os Dexters, os Mad Mens — todos estes programas estão longe de serem apropriados para crianças e, para os animes terem alguma oportunidade de serem reconhecidos, penso que terá de ser este imenso público inexplorado a fazê-lo. O problema é simplesmente que, aos olhos ocidentais, as animações não são uma opção viável para se contar uma história adulta, sendo reduzidas a meros "desenhos animados" com apenas duas alternativas: programa infantil ou comédia para adultos. É uma pena, porque, quando olho para animes aclamados pela crítica, não considero apenas o seu potencial comparado com outros animes. Vejo Fate/Zero como uma resposta a Game of Thrones, Baccano comparável a filmes de Quentin Tarantino, High School of the Dead equiparado a The Walking Dea— *parte-se a rir*. OK, falando a sério. Os animes já provaram inúmeras vezes que também são capazes de contar uma história adulta; inclusive possuem, discutivelmente, alguns dos melhores exemplos de animações adultas. No entanto, têm também que lidar com a sua própria imagem infantil. Tudo isto remete aos tempos da popularização dos animes no início dos anos 2000, altura em que Pokémon reinava o mundo, as meninas idolatravam as suas navegantes da Lua e os rapazes ferviam de entusiasmo com os seus Dragon Ball Zs. O mais próximo que um anime alguma vez chega à cultura dominante é geralmente através de uma dobragem da 4Kids (1) de uma série para crianças ou de um shounen, o que contribui para acentuar a imagem infantil que lhe é impingida. Porém, não nos esqueçamos do outro grande estereótipo que existe: Os animes. São. Estranhos. Sim, são estranhos! Mesmo aquelas histórias mais sólidas que sabemos que existem nos animes ficam soterradas pela montanha de séries moe para agradar aos otakus que passam em todas as temporadas e por aquelas coisas que levantariam sobrancelhas se tentássemos sequer explicar a sua trama a outras pessoas. Claro que tudo isto é parte da razão pela qual os amamos, mas eles tornam-se piores aos olhos do público especialmente porque é a isto que os animes, à primeira vista, se resumem. Tudo o que as pessoas veem é um grupinho de indivíduos estranhos e antissociais que assistem a uma série bizarra sobre raparigas do liceu, sem nunca esquecer os materiais perversos de masturbação com um enredo que é praticamente impossível de compreender. A imagem pública dos animes não é das melhores e, na prática, é a mesma imagem com que os jogadores hardcore ou fãs de Star Trek tiveram que lidar no passado. Para os animes conseguirem uma possibilidade, mínima que seja, de se tornarem mais comuns entre a população, eles terão de quebrar esta ideia preconcebida que o público ainda mantém. E, para ser honesto, não tenho a certeza se já estão preparados para isso. A menos que sejamos supersortudos e consigamos que Attack on Titan seja emitido no HBO (2) ou que Wolf Children se torne incrivelmente popular nos cinemas, vamos precisar de analisar os animes como um todo. Por mais que gostássemos de pensar que existem animes para todas as idades, honestamente, eles não são tão maduros como os fazemos passar. Sim, a imagem de "desenhos animados" é extremamente imprecisa para o meio tão diverso que é a animação japonesa, contudo, em termos de demografia principal, ela permanece maioritariamente focada no público adolescente. Escassos são aqueles animes que não se passam num liceu ou que não retratam personagens dessa idade como protagonistas, o fanservice — tal como referi numa crítica passada — está mais exaltado e abundante do que nunca, e o género que é de longe o mais popular é ainda o shounen. Inclusivamente em termos de filmes, não existe assim nada que consiga rivalizar os sucessos de bilheteira que Hollywood produz, a não ser os filmes familiares ao estilo Disney, que não alteram significativamente as ideias preconcebidas sobre a animação como um meio de contar histórias. Nos dias de hoje, os animes não são ainda maduros o suficiente para quebrarem a sua imagem pré-existente para a população em geral. Existem ainda inúmeras tramas que envolvem o meio escolar, fanservice injustificado em demasia, um número insuficiente de animes capazes de apelar a um público adulto e um único Attack on Titan não é que irá revolucionar a opinião geral sozinho. Em suma, os animes ainda não estão preparados, não querendo com isto afirmar que nunca estarão. Nos últimos tempos, tem havido alguns burburinhos nas notícias aqui e ali que dão uma certa esperança para o futuro dos animes por cá. A campanha de Little Witch Academia no Kickstarter foi capaz de aniquilar completamente a sua meta inicial em poucos dias, muito embora tenha sido um desastre tão grande no Japão que a sua organização se viu obrigada a cancelar eventos ao vivo devido às baixas vendas de bilhetes (3). Tudo isto após a notícia de uma adaptação para filme live-action de Monster de Naoki Urasawa a chegar ao HBO, juntamente com o renascimento do Toonami (4) que, até ao momento, superou todas e quaisquer expectativas. Hollywood parece também estar lentamente a ganhar interesse: após ter produzido o altamente inspirado em animes Pacific Rim — mesmo tendo sido um falhanço no seu país de origem —, tendo surgido rumores de que Leonardo di Caprio rejeitou um papel no novo Star Wars para trabalhar num filme de Robotech com Tobey Maguire e tendo a Warner Bros. anunciado um novo filme live-action de Death Note, a esperança de um maior reconhecimento dos animes encontra-se em ascensão. Isto leva-me à minha questão final: nós, como fãs, queremos realmente que os animes se tornem populares e entrem na cultura dominante? Há uma certa ironia na minha opinião pessoal, visto que nunca teria iniciado este canal do YouTube caso os animes fossem mais populares e eu tivesse amigos com quem os discutir, mas pensa nisso por um momento. Imagina um lugar onde as pessoas conversam de pé em frente a máquinas de bebidas enquanto discutem os últimos desenvolvimentos em Attack on Titan, onde podes descer a rua com uma t-shirt de Madoka Magica sem teres que explicar que é uma série ousada e sombria, ou onde a Fox News (5) debate a violência controversa retratada em Elfen Lied. O efeito de algo entrar na cultura dominante poderá parecer um simples caso de mais popularidade = mais dinheiro = melhores produtos, mas as coisas nem sempre funcionam assim. Se prestarmos atenção a outra cultura nerd que se popularizou — os jogos — constatamos que o surto em popularidade não significou que os artistas independentes obtiveram mais liberdade criativa para fazer aquilo que pretendem; pelo contrário, continuamos a testemunhar o controlo de certas megaempresas multimilionárias que financiam os mesmos simuladores de guerra realísticos todos os anos no intuito de se manterem dentro dos seus modelos de negócio, ao mesmo tempo que a maior parte do esforço criativo vem dos pequeninos. É certo que ainda existem obras excelentes a serem produzidas, mas que tipo de alterações sofreriam os animes caso estes viessem a tornar-se populares? De momento, somos um culto, um grupo de fãs de nicho dentro de uma cultura geek já de si pequena e, embora houvesse imensos aspetos positivos consequentes de presenciarmos o nosso pequeno e estranho passatempo a explodir em popularidade e a ser subitamente compreendido pela população em massa, perderíamos a sensação única que haveríamos partilhado quando isto fora simplesmente algo obscuro que era partilhado exclusivamente por pessoas como tu. Sim, é certo que abundam os arquétipos e estereótipos estranhos que espantam os demais, mas são estas as características que tanto adoramos nos animes. Por mais que reclame sobre os clichés irritantes dos animes, por vezes, se me afastar por muito tempo, começo a desejá-los ardentemente. Quero as minhas tsunderes, os meus fantásticos poderes shounen, as minhas saias curtas do liceu, e embora seja muito gratificante ver algo de que gostamos ser reconhecido por um público em massa, valerá a pena abdicar daquelas características que nos atraíram em primeiro lugar? Este meio que hoje conhecemos e adoramos sofreria demasiadas deturpações? E o grupo de fãs do qual fazemos parte afastar-nos-ia das pessoas com quem estamos todos interligados dentro deste pequeno cantinho do mundo geek? Assim, pergunto-vos agora: Querem que os animes entrem na cultura dominante? Deixem um comentário ou resposta em vídeo e terão uma possibilidade de serem referidos na minha próxima crítica. Da minha parte, é tudo!" escreveu:
(1)^ A 4Licensing Corporation, anteriormente conhecida como 4Kids Entertainment, é uma publicadora norte-americana que ganhou alguma fama negativa por americanizar demasiado os animes que adquire, retirando qualquer material que possa eventualmente ser considerado prejudicial para o desenvolvimento das crianças ou que simplesmente refira aspetos da cultura japonesa, substituindo estes elementos — visuais ou não — por equivalentes americanos. (2)^ O HBO é um canal de televisão por cabo emitido nos Estados Unidos focado, entre outros conteúdos, em produções cinemáticas e séries de TV originais. (3)^ Para mais informações, consulta a notícia Little Witch Academia's Tokyo Event Cancelled Due to Low Ticket Sales (em inglês), de 12 de agosto de 2013, no Anime News Network. (4)^ Toonami é o nome de um bloco de programação do canal [adult swim] que emite séries animadas, muitas vezes animes. O bloco foi originalmente emitido de 1997 a 2008, tendo sido relançado em 2012. (5)^ O FOX News Channel é um canal televisivo de notícias frequentemente mal visto pelo público, dadas as suas alegadas lacunas no quesito da objetividade e da imparcialidade jornalística, e pela suposta emissão de reportagens demasiado sensacionalistas. escreveu:

A Crunchyroll agradece a gigguk por nos ter concedido permissão para que este artigo fosse publicado e agora queremos saber nós: o que acham os nossos leitores deste assunto? Se preferirem um local com mais espaço para comentar, contem-nos neste tópico do fórum! Alguns dos vídeos da The Anime Zone podem ser assistidos também na Crunchyroll (apenas em inglês).

Noticia - Crunchyroll


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